9.14.2011

O troglodita

Um dia, alguns alunos trazem uma arminha feita de cano, toda enrolada em fita isolante, mas com design tal qual a uma glock 9mm, daquele tipo que colocam uma bola de gás em uma das pontas a fazer um estilingue. - Agora que me toquei que vou dar idéia para um monte de desocupado usar isso para "brincadeira", só gostaria que levassem em consideração os problemas que uma arminha dessa pode causar. - Os meninos é claro, rapidamente, passaram das bolinhas de papel, para caroços de feijão, pequenas pedras, mas por sorte um inspetor estava de olho e os levou até mim. Conversei um pouco acerca da grande possibilidade de álguem se machucar, de bater no olho e coisas que não tem mais volta (assim como acontece com o giz),  e que na hora da diversão a gente acaba esquecendo. Dei exemplos de como poderiam usar aquilo em latas e garrafa pet cheia, mas nunca em pessoas ou animais. Como sempre fiz, devolvi o objeto ao aluno, e pedi que só brincasse quando chegasse à casa, mas algumas pessoas se acham donas da verdade e na hora que ele saiu da escola, estava com a arminha em punho. Eu, imediatamente, liguei para o responsável desse aluno, pois fiquei com medo de algo acontecer, pensei na possibilidade de um policial passar por ali, e atirar primeiro e perguntar depois, sabemos o quanto grande parte da nossa polícia é despreparada. O pai, aos berros, me mandou tomar conta da minha vida, que fora da escola eu não tinha que me meter nisso. Aos berros, eu respondi que qualquer coisa que acontecesse com o filho dele era de total responsabilidade dele, e que realmente eu não tenho que meter. Acho que ele não esperava que eu fosse responder daquela forma, não se conformou e foi até a escola.
Quando olho, vejo um armário, de quase 2m, tipo um Arnold Schwarzenegger mas em forma roliça, vindo para cima de mim, aos berros. Eu meti bronca, e respondia à altura. Ele dizia que era isso, aquilo, aquilo outro e eu dizia: - parabéns, independente do que o senhor seja, aqui na escola, seu filho não fará o que quiser, enquanto isso ferir o direito de outra pessoa- O nervosismo foi aflorando e eu, é claro, já chorava copiosamente, coisa mais do que natural para mim quando estou nervosa. Mas, eu continuava ali, o segurança da escola, muito meu amigo, mas metade do tamanho do cara, só falava para mim: - Fica calma, Leona, fica calma.- Depois que eu mandei chamar a polícia ele acabou indo embora, mas o melhor é claro foram os comentários dos alunos no pós debate, afinal, escola é sempre uma fofocada só, né?! Um dos quais eu me lembro foi que disseram que eu tinha medo do tal pai, eu digo aqui: -Claro, que tive medo, imagina tomar uma porrada de uma cara daqueles? Mesmo que fosse resolvido legalmente, o prejuízo seria grave, com certeza! - Afinal, que outro tipo de medo eu poderia ter de um outro alguém?