
"Estava sentada na primeira fila, olhava para tudo e para todos, os olhos brilhavam, o coração palpitava, todos os olhares eram para mim, mesmo que soubesse que não eram, me perdia na imensidão de estar em evidência, mesmo rodeada de tantos outros colegas.
Não muito longe dali, meu irmão, que sim, não tirava os olhos de mim, tentava de todas as formas chamar minha atenção, já tinha, pulado, movimentado os braços, na tentativa de que aquela isca, fosse o suficiente para me atrair. Eu, sabia que minha família e amigos, estavam por ali, e apesar de olhar para tudo e para todos, enventualmente teria minha atenção voltada para os meus. Conseguiu, olhei para ele. Antes disso, ele já havia arquitetado seu plano infalível. Convenhamos que colação de grau é um troço muito chato, claro, uma passagem importante, um ritual, que deve ser vivenciado por aqueles que tem apreço por nós, mesmo quando sendo familiares, nos sentimos compelidos a ir, para estarmos ao lado dos que amamos e prestar nossas homenagens a mais essa conquista. Logo, meu irmão que já havia prestado a sua homenagem, viu no discurso de um amigo a chance de se livrar daquela roubada demorada, mais do que certo, pois eu faria o mesmo!!! Pensou em partir, mas estava dando carona para a minha avó e minha prima, como deixá-las?! Pensou que eu também estava de carro, e que poderia levá-las, mas e se eu já tivesse planos?! Precisava rapidamente falar comigo, mesmo a aquela distância, sob os olhares de todos. Então, após algumas tentativas frustadas, conseguiu que eu olhasse pra ele, e a conversa se deu, através de gestos. Não pensem vocês, que falamos libras, não, essa ainda é uma linguagem que não possuo, mas confesso que essa sintonia, foi facilitada por conta dos anos de imagem e ação. Gostaria agora, que vocês amigos leitores, imaginassem a cena, só com gestos, sem muita leitura labial, as mãos, as cabeças, os sinais. A conversa foi a seguinte:
Té: -Você ta de carro?!
Léo: - Sim estou.
Té: -Daqui você vai direto pra casa?!
Léo: - Sim
Té: - Eu vou embora. Você leva a vovó?!
Léo: - Sim, claro. Um beijo.
Té: - Mas eu não vou agora, só daqui a pouco.
Léo: - Ta certo.
Não foi preciso muito para o diálogo sair dessa forma, mas caros amigos, lembrem-se que no local, tinham mais ou menos umas 1.000 pessoas. A menina ao meu lado, me olhava gesticular e balançar a cabeça, como se meu lugar fosse no pinel, o que eu estaria falando?! Fazendo? - A Leona é maluca mesmo, pensou ela. - Em volta do meu irmão, os parentes e amigos, olhavam admirados com todo o entendimento, que se dera, sem que nenhuma palavra fosse proferida, haviámos nos entendido. Todos satisfeitos e sem nenhum ruído na comunicação.
Afortunada, realmente sou!