6.22.2010

Cotidiano

Em meu cotidiano de práticas pedagógicas me vejo envolvida em um processo de reflexões e indagações que me faz repensar, e reinventar as metodologias de prática educativa. Com certeza, possuo influências, mas também um estilo próprio desenvolvido com a experiência, estudo e a troca diária.
A vivência pessoal, ao mergulhar nesse ambiente de atuação profissional, suscitaram indagações, possibilidades e desassossegos; exigindo assim a tentativa de compreender e apontar novas proposições a essas relações complexas que vamos construindo o entendimento que a educação nada mais é do que estímulo, troca e principalmente busca. É necessário que se busque, constantemente, respostas as questões que se entrecruzam com frequência em nosso cotidiano, pois a própria tentativa, apaixonada e comprometida, de se encontrar soluções possibilita grandes avanços na prática do educador, na sua busca por uma educação mais crítica, que proporcione uma mudança nesse quadro excludente que, há muito, as esferas de ação social vêm contribuindo para a reprodução e as políticas públicas educacionais não estão conseguindo mudar essa realidade.
Percebo diariamente o quanto é importante na escola propiciar aos alunos atividades que o potencialize como ser social, cheio de possibilidades e sonhos. Porém, em algumas de nossas experiências encontramos adolescentes que perderam o gosto pela escola, pela sala de aula, por estudar. Sempre tento suscitar nos alunos a importância dos sonhos, de ter objetivos, metas a serem conquistadas, mas sem devaneios, trazendo-os para a realidade e fazendo-os perceber que vivemos as regras ditadas por um regime social capitalista, com situações desiguais e em modos de produção excludentes e injustos. Onde geralmente a grande maioria da população prefere se omitir e 'deixar passar' pra ver no que dá, mesmo que isso signifique prejuízo, existe o limite tolerável para tal.
As vezes sinto como se estivesse desabafando com os alunos e ao mesmo tempo que os questiono, o faço internamente, comigo mesma. E de que forma poderia fazer algo diferente? Alguma coisa é preciso fazer, porém com certeza, vejo que minha fala, solta, desconexa, solitária, não faria com que eles conseguissem ter a noção dos fatos ou leituras críticas; na verdade, eu falo mais pela minha necessidade, indignação, susto... E um prazer inenarrável em ajudar o próximo!
Repenso constantemente meus limites, o que acredito e até onde conseguiria fazer algo. Existe um forte impacto emocional ao se lidar com um grupo numeroso de pessoas, as quais de alguma forma me sinto responsável sobre. Partindo dessa experiência, percebi o quanto é necessário discutir as práticas pedagógicas e construir no coletivo,tanto quanto respeitar as individualidades, pois são nesses espaços de discussão e reflexão que torna-se possível a construção de saberes.
Quando percebo estar distante de uma solução para as problemáticas apresentadas no cotidiano, tento buscar ajuda, refletir, ponderar bastante sobre essa situação e assim vou aliviando a carga negativa de impotência perante as coisas que gostaria, mas não posso mudar.
Penso ser de vital importância que os sujeitos que atuam na escola sejam os protagonistas de suas falas e de seus saberes. Esse exercício precisa transformar-se em uma necessidade de todos que, de alguma forma, fazem a educação acontecer neste país. Afinal, educar é um ato de amor e só dessa forma o conhecimento será plenamente compreendido e internalizado. Sem dúvida, deparo com obstáculos, dificuldades e desafios que permeiam o processo de docência, mas essa é a vida, profissional, pessoal, familiar, ou qualquer outra vertente que por ventura elucubremos.
É preciso constantemente reavaliar, inovar, estar atualizado, mas acima de tudo atuar pensando em como nossas reflexões agregam mudanças, modificam ações, potencializam intervenções.

Ler Paulo Freire dá nisso, rs!